O dia que durou 21 anos Publicada em 17/04/2013 149 Visualizações
No dia 31 de março completaram-se quarenta e nove anos do Golpe Militar que derrubou o presidente João Goulart e instaurou, por vinte e um anos, o regime ditatorial no Brasil, o qual transgrediu leis, desrespeitou os direitos humanos e até hoje é uma mancha negra na história do país.
Os principais motivos que levaram os "golpistas" a derrubar o presidente constitucional João Goulart estava relacionado às supostas "ideias" comunistas que o presidente tinha, a convulsão social e as altas taxas de inflação.
O movimento de 1964 contou com o apoio dos governadores do RS, Minas Gerais, São Paulo e Guanabara, de setores conservadores da Igreja Católica, além dos Estados Unidos, que, através da operação ‘Brother Sam’, iriam dar todo o apoio necessário, caso houvesse uma resistência no país.
Passados quarenta e nove anos desta afronta à democracia, alguns pontos merecem ser destacados com base na historiografia brasileira, tais como: o governo Goulart jamais poderia ser rotulado como comunista, mas, sim, como um desenvolvimentista, ou seja, Goulart foi um dos poucos governantes que soube compreender o conceito de nação e encontrar medidas para diminuir as desigualdades sociais e econômicas, muitas destas ações sintetizadas nas Reformas de Base, as quais visavam dar um novo redimensionamento social para o país.
A suposta convulsão social que se tinha no país, na realidade, eram ações insufladas pelos setores mais retrógrados e conservadores da política nacional que não perdiam a oportunidade de tentar desestabilizar o governo para ter um pretexto para futuramente derrubá-lo. Em relação às altas taxas de inflação, eram frutos de políticas desenvolvimentistas mais desordenadas de governos anteriores. Após o golpe militar, com as ações tomadas no Governo Castelo Branco, observou-se quedas nas mesmas, contudo, em 1985, já no final do governo Figueiredo, as altas taxas de inflação persistiam.
Enfim, passado mais um 31 de março, não temos nada a comemorar, apenas lamentar que um presidente com ideias desenvolvimentistas e de inclusão e justiça social tenha sido derrubado por um regime torpe, arbitrário e nefasto que ceifou, por vinte e um anos, o sonho de um país mais justo, fraterno e soberano. Não obstante a isso, o país aprendeu uma lição, magistralmente sintetizada por Winston Churchill: "A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos".
(Publicado no Diário de Santa Maria em 16.04.2013)
Sobre o(a) autor(a)
Por Daniel Arruda CoronelProfessor do departamento de Economia e Relações Internacionais.