A (r)evolução da ciência e a participação social no contexto da pandemia de COVID-19: reflexões docentes SVG: calendario Publicada em 28/01/2021 SVG: views 235 Visualizações

 

Prof. Dr. Gianfábio Pimentel Franco
Profa. Dra. Leila Hildebrandt
Profa. Dra. Andressa da Silveira
Profa. Dra. Fernanda Beheregaray Cabral
Curso de Enfermagem - Departamento de Ciências da Saúde, UFSM, campus Palmeira das Missões

A ciência baseia-se em pressupostos ou hipóteses para constituir objetos de pesquisas que são amplamente divulgados nos achados de estudos socializados nos meios científicos, entre eles no âmbito da Universidade.

Independentemente do referencial teórico-metodológico utilizado, a reflexão proposta trata sobre o protagonismo científico para evitar a disseminação das informações distorcidas, entre elas, as fake news

Neste sentido, esta reflexão vislumbra sensibilizar os estudantes, docentes e a comunidade sobre a necessidade de manutenção das estratégias de enfrentamento adotadas pelas autoridades em geral, para evitar a disseminação e o crescimento exponencial da pandemia do novo Coronavírus (SARS-CoV-2).

A pandemia ainda cursa de forma aguda e célere, o momento requer isolamento e distanciamento social, uso de máscara, lavagem constante das mãos, uso de álcool gel\70%, bem como evitar aglomerações. 

Diante do caos de vivenciar o distanciamento necessário para evitar o contágio do vírus, e pelo número alarmante de vidas que foram ceifadas nesta pandemia, com um grande número de pessoas contaminadas (mais de 8 milhões) e milhares de óbitos provocados (acima de 217 mil), o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de contaminados. 

Uma tragédia anunciada, mesmo com o índice de pacientes recuperados (mais de 7 milhões), cotidianamente a mídia tem evidenciado as fragilidades dos serviços de saúde e a necessidade de medidas mais rígidas para evitar o caos nos serviços e dos profissionais de saúde.

Outros aspectos que devem ser considerados, tratam sobre a segunda onda da pandemia, o desgaste físico e emocional dos profissionais de saúde, as taxas de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva diante do cenário nacional da pandemia. 

Nesse contexto, as diversas instituições, dentre elas as Universidades, precisaram reorganizar suas ações no sentido de manter proximidade com a população acadêmica e comunidade, a partir da utilização de ferramentas disponíveis na Web. No caso da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o ensino na modalidade REDE passou a ser adotado a partir de março de 2020.

O corpo docente, técnicos e diversas esferas da Universidade promoveram espaços assíncronos para que docentes e estudantes pudessem desenvolver as atividades de ensino de modo remoto. Tal desafio exige comprometimento, responsabilidade, organização e paciência, assim como o reconhecimento de que as medidas que restringem o contato presencial se configuram como a melhor estratégia para que a segunda onda da pandemia seja controlada.

Ademais, o ano de 2021 vem com perspectivas positivas, sinalizando para o processo de vacinação, que será fundamental chegar, também, nos diversos grupos que constituem as populações de risco, em que docentes e estudantes, no momento oportuno, integrarão o grupo de vacinados e, posteriormente, após a elaboração de um rigoroso plano com normas de biossegurança, o retorno seguro das atividades presenciais na UFSM deverá se efetivar. 

Ressalta-se ainda, que embora a vacina já esteja sendo distribuída no Brasil, ainda é prematuro afirmar que todas as pessoas serão imunizadas, visto a necessidade de se atingir aproximadamente 105 milhões de doses para alcançar cerca de 70% da população brasileira. Essas estimativas reforçam ainda mais, sobre a necessidade de manutenção das medidas preventivas da COVID-19, pois a vacina, conforme dizem os especialistas, não é uma “bala de prata”!

 Nesta perspectiva, enquanto profissionais da saúde das humanas, coadunamos com a posição da Reitoria da UFSM em manter o ensino na modalidade REDE, considerando que as atividades de ensino e os projetos de pesquisa e extensão estão sendo realizados de forma remota, na modalidade síncrona e assíncrona. Além disso, a estratégia de ensino remoto é uma estratégia de manutenção das disciplinas, de manter o vínculo entre estudantes na Universidade, além de preservar as vidas, não expor estudantes, docentes e técnicos ao risco de contágio, contribuindo para a redução da curva de transmissão e controle da pandemia. É importante lembrar que vidas importam! Todas, inclusive as que já foram ceifadas!

Os argumentos aqui apresentados claramente abrem portas para críticas, sugestões e poderão ser revisados ao longo do tempo. Para Dupré1 (2015), os argumentos são como tijolos com os quais se constroem as teorias e a lógica é a palha que funde esses tijolos. Destaca que ideias valem pouco a não ser que estejam alicerçadas em bons argumentos, preferencialmente justificados racionalmente, com bases rigorosas e firmes. E quais são os argumentos que temos neste momento para justificar a manutenção de determinadas condutas? A ciência!  

Para ilustrarmos o tema que esse documento objetiva, podemos recorrer a diversas linhas de pensamento, da ficção à realidade, ou como gostam de expressar os dramaturgos: “a vida imitando a arte” ou nesse caso, “a arte imitando a vida”. 

Se buscarmos calcar nossos questionamentos sobre as pandemias ao longo da história da humanidade moderna, podemos trazer da ficção, alguns exemplos cronológicos que nos ajudam a divulgar o momento que vivemos.

1.     The Andromeda Strain (O Enigma de Andrômeda, 1971) - aborda a contaminação de uma população a partir de micro-organismos contidos em um satélite artificial que caiu na terra e começou a matar toda a população próxima ao evento. O desafio é buscar a cura o mais rapidamente possível.

2.     Outbreak (Epidemia, 1995) - aborda a disseminação de um vírus letal (Ebola) trazido a partir da comercialização ilegal de animais silvestres, nesse caso, o macaco.

3.     12 Monkeys (Os 12 Macacos, 1995) - mostra a disseminação de um vírus pela Terra e a busca por um antídoto que o combate. Para isso, é preciso voltar no tempo para que se colham amostras virais e entender como se irá combater.

4.     28 Days Later (Extermínio, 2002) aborda a disseminação de um vírus a partir da saliva e do sangue que pode ser altamente espalhado em grandes metrópoles.

5.     I Am Legend (Eu sou a Lenda, 2007) - aborda a transformação de seres humanos em criaturas sanguinárias, em que o herói do filme tenta buscar a cura da doença a partir de seu próprio sangue, que possui imunidade.

6.     REC (REC, 2007) - investiga uma senhora confinada em seu apartamento que assusta seus vizinhos com seus gritos e ataques de fúria. Está contaminada por uma espécie de raiva (doença que pode ser transmitida pela saliva) e o grande desafio é mantê-la isolada para que a doença não se dissemine pelo restante do condomínio.

7.     Blindness (Ensaio sobre a Cegueira, 2008) - retrata uma doença chamada de cegueira branca, que afeta toda uma cidade, exceto uma pessoa, que se torna a guia de toda uma sociedade na busca pela liberdade;

8.     Perfect Sense (Sentidos do Amor, 2011) - retrata a disseminação de uma doença que afeta os cinco sentidos humanos: tato, olfato, visão, audição e paladar.

9.     Contagion (Contágio, 2011) - trata da disseminação de uma doença entre porcos e morcegos que sofre mutação e passa a ser transmitida entre indivíduos, a partir de substâncias infectantes carreadas a partir de objetos contaminados. Aborda a busca por parte das equipes de cientistas de uma vacina que impeça ou diminua a propagação viral.

10.   Yeon-ga-si (Deranged - Demência, 2012) - trata da morte de pessoas que foram contaminadas com algum tipo de verme disseminado na água, supostamente fabricado em laboratório cuja antídoto também pode estar lá armazenado.

Saindo do mundo cinematográfico, partimos para um dos melhores livros já escritos sobre as epidemias de grandes proporções. Pandemias: a humanidade em risco (2011), escrito pelo infectologista brasileiro Stefan Cunha Ujvari, que analisa e aborda com grande fidelidade, as principais pandemias da história, desde a pneumonia asiática (2003); as futuras gripes (H1N1, H5N1); o vírus vindo do oriente (aedes aegypti\albopictus, Zika); o vírus que se alastra do norte (Culex); o retorno da tuberculose incurável; pandemias pelas superbactérias; pandemia pelas mãos; a próxima peste vinda da África e Ásia; os parentes do Ebola e a próxima AIDS.

Voltando à ficção, damos destaque ao item 7 acima citado: podemos usar a analogia para afirmar que os cientistas são as pessoas que enxergam na escuridão procurando nos conduzir no melhor dos caminhos diante dessa batalha contra a COVID-19.

Mas o que tudo isso nos mostra como sociedade? Basicamente todos esses elementos trazidos sucintamente até o momento, nos remetem algumas reflexões: o modus operandi das disseminações, as estratégias usadas pelas comunidades e, principalmente pelos cientistas, para a resolução parcial ou total dessas pandemias. Que possamos refletir!

#UNIDOSPelaVacina
#ParaQueNãoNosFalteOxigênio
#SOMOSTodosSUS

 

1 DUPRÉ, BEN. 50 ideias de filosofia que você precisa conhecer. 1.ed. São Paulo: Planeta, 2015.

Sobre o(a) autor(a)

SVG: autor Por Gianfábio Pimentel Franco
Curso de Enfermagem - Departamento de Ciências da Saúde - Campus Palmeira das Missões

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