Empreendedorismo: falácia neoliberal SVG: calendario Publicada em 19/07/2023 SVG: views 2719 Visualizações

“A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas”. (Karl Marx)

Na sociedade de consumo capitalista, somos ou viramos um conjunto ideológico de adjetivos. Não somos seres de prática social e, sim, um estado de espírito e movimento ideológico do capital.  Com toda a presunção e liberdade, nos transformam em um mero objeto, seres impotentes diante de seus projetos de virarmos seus objetos de desejo.

Já fomos consumidores e, agora, somos empreendedores. De consumidores a empreendedores existe um grande fosso de distância e diferença. Como consumidor, sou aquilo que o mundo das mercadorias quer que eu seja, dentro de seus cânones políticos e sociais. O Deus mercado manda em minha vida. O mantra capital vai inserindo em todas nossas entranhas, seus projetos sociais. Todas as partículas de meu ser ficam subsumidas aos seus projetos de esvaziamento da humanidade, que está dentro de nossos seres, ontologicamente. 

Já, empreender, tem um histórico neoliberal. Temos um movimento histórico de conceitos ou construtos no campo epistemológico da sociologia. Fomos taxados de meros consumidores, de forma efetiva e propalada nos diferentes tipos de imprensa, televisiva, radiofônica ou impressa. Como em um passe de mágica metamorfosearam-nos como Microempreendedores (ME) e, agora, somos sociologicamente Microempreendedores Individuais (MEI). 

Somos categorizados pela nossa astúcia de transformar as coisas em mercadorias e na nossa capacidade de vender. Para a sociedade egoísta do capital, até nossa alma e ética viram mercadoria. Não ter pudor é a lógica dessa sociedade das trocas. O descaramento e a falta de pudor são o modus operandi da sociedade subjugada pelo capital.  Segundo a lógica do Capital, vender e empreender é ótimo. Vamos empreender e vamos virar seres bem resolvidos e, "meritocratimente" merecedores e "vencedores". Eu vendo e tu vendes. O verbo amar e generosidade não fazem parte desses cânones. 

Então, querer ser parte dessa ideologia do mercado torna-me menos, ontologicamente, como ser que vive submerso, no contexto, a uma vida partilhada com os outros. Ou quiçá, pior. O neoliberalismo engana o ser humano. A sociedade gestada pelo cântico do capital encanta com seu sedutor discurso. O neoliberalismo possui uma falácia sedutora. A vida, sob a ótica do capital, é enganosa. O capital gesta uma narrativa sobre a vida. 

Aos cântaros, o Capital encanta os detentores de dinheiro e poder.  Os pobres irão continuar, ad infinitum, escarafunchando nos contêineres e sobrevivendo do lixo. O pobre, empreende, vendendo a parte reciclável do lixo. Essa é a Filosofia de vida do sistema egoísta do capital.