Conheça a campanha “Seja Sedufsm, transforme o mundo” SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 11/11/24 15h14m
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Diversas ações compõem a campanha, integrando luta, arte, economia solidária e show especial

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“Seja Sedufsm, transforme o mundo” é o nome da nova campanha de engajamento lançada pela gestão ‘Renova Sedufsm’, que atualmente dirige a seção sindical. O slogan, embora possa parecer simples, carrega uma extensa gama de sentidos e, principalmente, de proposições, pois, na avaliação da diretoria, esse mundo já dá sinais inquestionáveis de que uma transformação é, não só necessária, como urgente. Entre o final de abril e o início de maio de 2024, as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, incluindo Santa Maria, ilustraram a situação de emergência climática enfrentada pelo país – e pelo mundo todo, resultado principalmente da relação conflitiva e exploratória entre ser humano e natureza.

A inspiração para a frase central da campanha vem do educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, cuja defesa do potencial revolucionário da educação se expressa em seus dizeres: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” Neila Baldi, diretora da Sedufsm, diz que as e os docentes já transformam o mundo através das pessoas que educam, mas podem fazer ainda mais.

“Por isso ‘Seja Sedufsm, transforme o mundo’ é um chamado à reflexão: que atuemos não apenas dentro da Universidade, mas fora do arco, que nos engajemos também no sindicato e outras ações, que possamos, por nossas atividades, transformar o mundo”, explica a dirigente.

Lembranças de coletividade - Se cobramos mudanças e ações de políticos e partidos que compõem a institucionalidade, é preciso, também, refletirmos e transformarmos nossas próprias ações, a fim de encontrar coerência entre o projeto de mundo defendido e a vivência prática cotidiana. É preciso sermos agentes ativos da transformação. Foi pensando nisso que, este ano, a Sedufsm entregou, às e aos docentes filiados que compareceram ao jantar baile do Dia do Professor e da Professora, no último dia 19 de outubro, um kit com brindes sustentáveis e produzidos com as mãos de trabalhadores e trabalhadoras que encontraram, na coletividade e no respeito à natureza, um modo diferente de sustento dentro do capitalismo.

É o caso da Justa Trama, cooperativa responsável pelas ecobags confeccionadas em algodão agroecológico e entregues no baile. Em entrevista à Sedufsm, Nelsa Inês Nespolo, diretora e presidenta da cooperativa, explicou que todo o processo produtivo tem como central a preocupação com a preservação do meio ambiente: desde o não uso de agrotóxicos no plantio do algodão, até placas solares para gerar energia limpa e caixa d’água para coletar água da chuva, tudo é pensado para que a produção respeite os limites da natureza. Os resíduos da produção recebem o destino correto e são aproveitados para confeccionar jogos, bonecas e bichos de pelúcia.

“Acreditamos profundamente que é possível construir um mundo diferente, baseado nos princípios da economia solidária e no protagonismo das mulheres, que é viável uma produção limpa, que podemos ter retornos econômicos sem que nenhum elo da cadeia seja explorado, e que também podemos realizar uma produção que respeite tanto os trabalhadores e trabalhadoras envolvidos quanto os consumidores. Podemos, por exemplo, informar onde a roupa foi feita e como o plantio foi realizado. Isso é algo que nos fortalece muito [...]", comenta Nelsa. Ela acrescenta que outro ponto positivo da Justa Trama é a distribuição justa de renda, uma vez que as e os trabalhadores definem em conjunto um preço mais justo para os produtos.

“Acreditamos que o mundo pode ser diferente – mais justo, mais solidário, mais humano e mais respeitoso, com espaço para todos. Não precisamos nos destruir uns aos outros e, sobretudo, termos um cuidado especial com o meio ambiente, pois, sem isso, não haverá futuro nem para nós, nem para qualquer outro ser vivo na Terra. Então, ter práticas radicais de cuidado e preservação é algo que nos motiva profundamente”, complementa Nelsa.

A Justa Trama existe, na prática, desde 2005, quando produziram as sacolas do Fórum Social Mundial ocorrido naquele ano. Porém, foi em 2008 que a cooperativa passou a existir juridicamente, com CNPJ próprio. Acompanhe a Justa Trama no Instagram.

Um futuro ancestral

Responsável pelo copo de bambu recebido pelos e pelas docentes que compareceram ao jantar, a Holos Bambuzeria foi idealizada pelos santa-marienses Pedro Marquezine e Bruna Cabral, que optaram por trabalhar com o bambu devido a seu rápido crescimento, versatilidade e potencial sustentável.

Além disso, a planta carrega um grande simbolismo. “Ela traz a resiliência, traz a humildade de se envergar sem se quebrar, de balançar, mas não quebrar. Acho que ela traz mensagens muito pertinentes para a vida da gente”, diz Marquezine, que é Engenheiro Florestal e mestrando em Extensão Rural na UFSM, onde pesquisa a intersecção entre o bambu e a agricultura familiar. Já Bruna é técnica em Agropecuária e graduanda em Agronomia, também na UFSM, tendo sido uma das criadoras da Feira Orgânica Ana Primavesi, que ocorre todas as quartas, das 9h às 13h, embaixo da Ponte Seca do campus de Camobi.

Através de suas produções, Marquezini e Bruna reivindicam uma visão de mundo trazida pelos povos originários, que é a ideia de um futuro ancestral e um retorno ao colaboracionismo, pois o modelo de desenvolvimento preponderante no capitalismo estaria fadado ao fracasso.

“A maneira como temos utilizado e usurpado os recursos naturais e não renováveis e distribuído de maneira completamente distinta no conjunto da sociedade, isso é algo que vai fazer a gente ter muitos problemas e já está fazendo. As mudanças climáticas, as pandemias, todas essas esferas são amostras de desequilíbrio. A nossa visão de mundo é buscar reequilibrar, buscar ter uma ação regenerativa no mundo, que consiga reintegrar esses elementos. Então, para nós, trabalhar em escala local, operar em outros circuitos de circulação econômica que não essencialmente a capitalista. Na agricultura tem muito isso, a reciprocidade. Um vizinho carneia um animal, ele reparte parte desse produto, ao passo que ele vai receber no futuro também uma quantia”, exemplifica Marquezine, para quem é urgente problematizar a matriz energética de produção.

A Holos Bambuzeria Artesanal existe desde 2018, tendo surgido, inicialmente, de uma demanda prática: a necessidade de novas fontes de renda, uma vez que o casal havia acabado de ter sua primeira filha. Hoje, eles trabalham com artesanato, movelaria, bioconstrução e cursos de capacitação sobre a cultura do bambu. Acompanhe a Holos no Instagram.

A escolha da Justa Trama e da Holos Bambuzeria como parceiros para a confecção dos brindes é explicada por Neila: “Transformar o mundo é também repensar nossos modos de consumo”, reforça a diretora da Sedufsm.

O olhar docente é, por si só, transformador

Junto à ecobag e ao copo de bambu, as e os professores que foram ao baile receberam a agenda e o calendário 2025 da Sedufsm. Pequenos caracóis, de todos os tipos e cores, estampam as capas de ambos os materiais, já expressando a riqueza e a potência que residem na diversidade. O responsável pelas artes é o professor do Departamento de Desenho Industrial da UFSM, Máucio Rodrigues, cuja série artística Karacóis já existe há algum tempo e foi agora adaptada para ilustrar os materiais da seção sindical.

Sob o olhar de Máucio, a luta política e sindical contra as desigualdades de classe, raça, gênero e sexualidade adentrou o campo da arte, e, ali, encontrou potencial de diálogo. “Eu acho de extrema importância usar o humor, porque o humor é muito necessário em momentos de tensão [...] eu afirmo que o humor é o melhor juízo, porque ele alavanca para um outro estágio, que não é o da estagnação. Ele mostra uma janela de esperança”, diz o professor e cartunista. 

Outra ação de Máucio foi levar sua exposição ‘Minha cidade imaginária’ para a Praça Saldanha Marinho, durante a Feira do Livro de Santa Maria deste ano, com apoio da Sedufsm. Nesse trabalho, ele apresenta cerca de 40 imagens comentadas que apontam para um olhar peculiar construído pelo docente ao longo dos anos. São registros sobre esporte, arquitetura da cidade, ruas, colégios, moradias, etc. “É um olhar a partir dos laços de afeto por Santa Maria”, frisa.

Em sua campanha “Seja Sedufsm, transforme o mundo”, a gestão ‘Renova’ se mune da arte e do olhar docente para perspectivar outra realidade. E além de Máucio, quem contribuiu para o potencial artístico da campanha foi Jessé Souza, professor do curso de Dança-Licenciatura da UFSM e diretor do espetáculo “Danças populares no coração do Rio Grande”, que foi apresentado como uma edição do ‘Cultura na Sedufsm’ nos campi da universidade em Frederico Westphalen e Palmeira das Missões, no último 16 de outubro. Na data, aniversariavam ambos os campi, completando 18 anos de existência.

Durante uma das apresentações, Jessé defendeu que a diversidade e a coletividade têm poder de transformação.

"Somos nós, com educação pública de qualidade, que podemos proporcionar ações para pensar as nossas próprias potencialidades. Eu sempre digo para o nosso Coletivo que todos nós temos a nossa potência, mas é legal enxergar no outro que tá do lado, a potência que ele ou que ela tem", concluiu. 

Em depoimento à Sedufsm, Jessé também acrescentou que “fazer parcerias onde possamos promover ações a partir das culturas brasileiras, na sua diversidade, e ocupar os territórios do sul do Brasil é extremamente emergencial, pois nos provoca uma ruptura do pensamento, e nos oportuniza reconhecer a diferença e as diversidades. Então o Mojubá, em parceria com a Sedufsm, nesses 35 anos, reconhece que nós, enquanto Universidade Federal, somos importantes pelas nossas diversidades e pelas nossas diferenças de pensar e de agir”.

Desenvolvido a partir de elementos culturais das matrizes indígenas e afro-brasileiras, o espetáculo é uma realização do Grupo de Pesquisa LabCRUZO (CNPQ) e do Programa de Extensão “Mojubá: Danças Populares Brasileiras”, integrando, também, o Programa de Cultura Popular Brasileira da UFSM. A apresentação sinalizou a importância de que a transformação que tanto buscamos respeite e enalteça a diversidade cultural.

Por que Nei Lisboa?

“É fácil perceber em que inferno estamos mergulhando. A gente tenta não perder o bom humor. Esse é o artigo número um da resistência. Antes da esperança, o bom humor é a última coisa que vão nos tirar”, disse o gaúcho Nei Lisboa, em entrevista ao jornal Gaúcha ZH no ano de 2019, referindo-se ao governo Bolsonaro.

Quem acompanha as redes sociais e o site da Sedufsm já sabe que, no próximo dia 10 de novembro, a partir das 17h, Nei Lisboa fará um show gratuito à comunidade santa-mariense, no Centro de Convenções da UFSM. Ele virá a convite da Sedufsm, sendo a grande atração da campanha ‘Seja Sedufsm, Transforme o Mundo’ e, também, o presente de aniversário dos 35 anos da seção sindical docente, completos em 7 de novembro.

E a escolha de Nei se justifica e se afiniza em completo com a necessidade de transformação social preconizada pela campanha da Sedufsm. Irmão de Luiz Eurico Tejera Lisboa, assassinado pela ditadura em 1972, Nei não se constrange em demarcar seu posicionamento político: “Hoje em dia parece que a realidade não importa mais, pois estamos na fase da pós verdade, que é reconstruída ao bel prazer do poder. Uma sociedade que não passa a limpo sua história corre o risco de repeti-la de forma tenebrosa”, disse em entrevista à GZH em 2019.

Os ingressos para o show de Nei, embora gratuitos, precisam ser adquiridos previamente. Saiba aqui como.

Um olhar sobre o movimento sindical docente - Na data do show, a Sedufsm também levará ao Centro de Convenções uma exposição de fotos do professor aposentado Dartanhan Baldez Figueiredo, presente em muitas atividades de mobilização ao longo dos últimos anos, sempre com sua câmera em mãos. As fotografias a serem apresentadas representam fragmentos importantes da luta política santa-mariense sob o olhar de um docente engajado com o sindicato e os movimentos sociais que buscam a transformação.

O jantar baile que trouxe a contestação do rock e a diversidade étnico-racial do samba-rock brasileiro; os brindes sustentáveis que convidam a outra forma de produção e de consumo; a potência dos Karakóis de Máucio e das fotos de Dartanhan; a enaltação da multiculturalidade brasileira com o espetáculo dirigido por Jessé Souza; e, por fim, o show do célebre e inconformado Nei Lisboa dão o tom inquieto e rebelde que a Sedufsm propõe com sua nova campanha. Afinal, sindicato não combina com conformismo, de forma que o primeiro passo rumo à transformação pode ser, exatamente, a filiação a uma entidade de classe e o fortalecimento dos laços coletivos.

Por isso, reforçamos o convite: participe do sindicato, construa o coletivo e ajude a transformar o mundo em ações conjuntas e contínuas. Seja Sedufsm!

 

Texto: Bruna Homrich

Imagens: Italo de Paula (artes e fotos), Rafael Balbueno (fotos)

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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