A volta do cipó
Publicada em
28/11/2011
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Não restavam dúvidas que o Projeto de Lei Complementar (PLC 79/11), que tratava da criação de uma empresa privada para gerir os Hospitais Universitários (Hus), seria aprovado. Apenas havia a esperança disso...e os políticos de carreira, sejam deputados e senadores, mostraram mais uma vez para que vieram: para atender às mais perniciosas demandas da elite nacional e ao sistema financeiro internacional. Nada mais.
A razão daqueles que combateram essa proposta ficou evidente em cada debate aberto e democrático. Apenas o governo e sua base aliada, justificada apenas pelo fato de defenderem o status quo de um Executivo corroído pela corrupção, votaram para entregar mais uma fatia do patrimônio público ao lucro dos planos de saúde. Triste é termos convivido com essa esperança de que esses parlamentares (os três senadores gaúchos, Ana Amélia, Pedro Simon e Paulo Paim) deram o tiro de misericórdia.
Iniciam mais uma fase de exploração da saúde, que teve no seu transcorrer a cobrança da CPMF (nas operações bancárias) que não chegaram à saúde, mas está no mensalão e na corrupção que nos noticiam diariamente.
Não podemos sequer avaliar que os parlamentares se enganaram: eles tiveram acesso a toda documentação e – inquiridos – ou fugiam do diálogo covardemente ou dissimulavam uma ingenuidade infantil.
Com o projeto aprovado, os HUs perdem seu caráter primordial de ensino (estão nas mãos do lucro, não mais da universidade, que ainda deverá decidir se adere ou não ao sistema) e o SUS 100% será substituído pela triagem dos procedimentos que dão ou não dinheiro para os tubarões da saúde.
O que virá é o fracasso desse sistema, da mesma forma que o é atualmente, o uso de fundações como intermediários... Demore ou não, o que importa é o lucro e a viabilidade econômica da empreitada: e o hospital universitário não é um espaço para o lucro, mas para a esperança de muitos.
O lucro é insaciável e o que se pode conseguir com a tragédia de outros é limitada pela crise que se avizinha a cada dia. Um dia, eles terão outras prioridades econômicas e mobilizarão seus deputados e senadores para se apossarem da carniça de outros setores públicos. E eles, sem pestanejar e pensar na população que vive na miséria, os apoiarão. Malditos sejam!
(Publicado no Diário de Santa Maria, no dia 28.11.2011)
Sobre o(a) autor(a)
Professor do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM