Trump e o multilateralismo SVG: calendario Publicada em 06/05/2025 SVG: views 891 Visualizações

O governo de Donald Trump completou mais de cem dias, e várias de suas políticas e ações estão reverberando por todo o planeta, visto que tem adotado uma postura implacável contra a comunidade LGBTIA+, bem como contra os defensores dos direitos humanos, da educação e grupos sociais que criticam fortemente suas decisões. O exemplo mais latente e vergonhoso disto foi o congelamento de R$ 5,8 bilhões para a universidade de Harvard, que se recusa a adotar a cartilha de cunho neofascista apregoada pelo mandatário americano.

Os resultados dessas práticas, lamentavelmente, ecoam para os demais países, com aumento do preconceito, intolerância e radicalismo. Ou seja, várias das conquistas e lutas sociais que demoraram anos para obter resultados positivos estão sendo colocadas em xeque, justamente pelo país que se vangloriava da defesa permanente da liberdade política, cultural, religiosa e econômica.

Além disso, vem chamando atenção na mídia a escalada tarifária, principalmente em relação à China, demolindo teorias de cunho ortodoxo que apregoam o livre mercado e o multilateralismo. Vários dos manuais de economia, utilizados nas mais prestigiosas universidades do Brasil e do mundo, sempre defenderam doutrinas de cunho liberal, com axiomas como concorrência perfeita, mobilidade perfeita dos fatores de produção, livre movimentação do capital, dentre outros – o que, de forma alguma, determina as relações econômicas internacionais. Observa-se, principalmente por parte dos países ricos, protecionismo, concorrência imperfeita, defesa permanente da produção interna e entraves às importações. Ou seja, o que o governo Trump está fazendo, lamentavelmente, sempre existiu; contudo, agora o governo americano o faz sem pudores e sem recato, embora vários economistas ainda custem a enxergar.

Os efeitos dessas ações são imediatos tanto para os Estados Unidos como para outras nações; para a economia americana, observa-se o aumento dos preços, da inflação e a queda nos níveis de bem-estar, bem como o aumento da recessão e do desemprego. Para os demais países, os resultados são quedas das exportações para a economia americana e a busca de novos mercados e parceiros econômicos.

Neste contexto, abre-se uma oportunidade para o Brasil, principalmente para o agronegócio, que nos últimos tempos se mostrou um ardoroso defensor do governo Trump e de suas ações e políticas. As relações econômicas entre Brasil e China tendem a aumentar, ou seja, o país irá direcionar com maior pujança as exportações de commodities para a China, contribuindo para a geração de divisas e renda, bem como para a melhora no saldo da balança comercial.

Não obstante, os resultados da política tarifária de Trump tendem a afastar, cada vez mais, o multilateralismo e o diálogo entre as nações, observando-se todo tipo de restrição e ação que dificulte o comércio. Os resultados disto são extremamente deletérios, e os riscos políticos, extremamente altos, provocando o aumento da rivalidade, das disputas comerciais, afastando o diálogo e incentivando mecanismos de retaliação comercial.

A sociedade sabe  como começa a briga por maiores mercados e pela defesa de seus interesses, mas não como ela acaba. Portanto, é fundamental que as universidades, institutos, Congresso americano e demais forças políticas contenham a “sanha” autoritária e perversa de Trump, visando à paz mundial e ao respeito ao multilateralismo e ao comércio entre as nações.