De Santa Maria para Frederico, de Frederico para Santa Maria SVG: calendario Publicada em 11/10/2023 SVG: views 5261 Visualizações

Depois de sete anos e meio exercendo a docência no campus da UFSM em Frederico Westphalen, estou de volta à sede, em Santa Maria. Volto para a FACOS, casa que introduziu a universidade na minha vida, em 1994, quando ingressei no curso de Jornalismo. Foram idas e vindas nesses 25 anos. Depois da formatura, em janeiro de 1998, e anos de atuação profissional, só retornei à universidade em 2005, para cursar uma especialização lato sensu. A partir de 2009, nossa relação se estreitou. Naquele ano, ingressei no Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Um ano após a conclusão do Mestrado, entrei na primeira turma do Doutorado, no mesmo programa. Defendi a tese em agosto de 2015 e, em março do ano seguinte, assumi o cargo de docente no campus da UFSM em FW.

Sempre quis voltar para SM por conta da proximidade com a família, rede de amizades e gosto pela cidade. Mas, nunca encarei o campus FW como menos importante que a sede, ou cheguei a me sentir em outra instituição, como pensei que pudesse acontecer. Foi no campus FW que conheci a UFSM na condição de servidora, e não mais de estudante. Conheci colegas dedicados, comprometidos, perfeitamente integrados à instituição, apesar da distância geográfica entre os campi. Vi que era possível trabalhar pela UFSM mesmo estando em outro campus que não o da sede. E que a UFSM é uma só, mesmo que boa parte dos moradores dos municípios que abrigam os campi fora de sede ainda não saibam disso, e que a falta de estrutura dificulte um pouco nossa integração.

Até recentemente, ao mencionar que trabalhava na UFSM, as pessoas de Frederico perguntavam se era no CAFW (antigo colégio agrícola) ou no IFFar. Talvez seja por esse desconhecimento que recebemos tantos alunos de outros estados por lá, e poucos do entorno. É positivo para a comunidade universitária e para a região que estudantes de longe tragam novos ares, novas cores, novas formas de vida. Por outro lado, há vagas que poderiam ser ocupadas por filhos de famílias locais, que ignoram que há, na vizinhança, uma universidade pública, gratuita, de qualidade.

Embora tenham orgulho de ser, também, UFSM, muitos estudantes do campus FW se formam sem ter conhecido o campus sede. Quando cheguei, em 2016, havia o transporte intercampi algumas vezes por semana, possibilitando que alunos dos campi fora da sede cursassem disciplinas ou participassem de projetos no campus de Santa Maria. Infelizmente, em 2020, ele foi descontinuado por falta de verbas. Seria interessante que professores e técnicos pudessem transitar mais pelos campi, mas a condição da estrada que liga os municípios também não facilita. Há um tráfego intenso de caminhões na BR 158, inúmeros trechos em obras que nunca são concluídas, tornando a viagem bem cansativa e mais demorada que o esperado.

Apesar dessas dificuldades para que haja mais integração entre os campi, a identidade da UFSM é forte. Uma das disciplinas que estou ministrando na FACOS é a de Comunicação Integrada, na qual, entre outras coisas, pensamos a importância da marca, da identidade, da imagem organizacional.  A UFSM é um exemplo de organização com uma forte identidade, que é apropriada, percebida e replicada pelos públicos. Há muitas diferenças entre cada um dos campi, mesmo entre os centros do campus de Santa Maria, mas em todos eles a identidade UFSM se impõe. Já atuei em organizações privadas com filiais espalhadas por outras cidades, e dificilmente havia essa unidade. Nossos campi fora de sede não são filiais da UFSM; são, TAMBÉM, a UFSM.

Em pouco mais de um mês na sede, como professora, não tive qualquer dificuldade de me localizar nos processos institucionais ou na comunicação com os e as colegas. Eu passei mais de sete anos em outro campus, mas a universidade é a mesma. As diferenças são sutis e enriquecem o que é ser UFSM. Não me desliguei do projeto de extensão que desenvolvo no campus FW, mas já integrei alunos da sede nas nossas reuniões remotas. Essa riqueza precisa ser mais bem trabalhada nas políticas da universidade. Precisamos ampliar as trocas entre os campi, dialogar mais, estreitar os laços, aproveitando a força do que temos em comum, que é sermos, todos, UFSM.

Sobre o(a) autor(a)

SVG: autor Por Luciana Menezes Carvalho
Professora do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM

Veja também