Vamos, juntos, combater a desinformação? SVG: calendario Publicada em 24/07/2024 SVG: views 89 Visualizações

A desinformação, que tem circulado mais comumente com o uso do termo fake news, tem sido tema cada vez mais presente nas rodas de conversa, objeto de estudo nas universidades em diferentes áreas, além de estar mobilizando governos, instituições e sujeitos políticos mundo afora que buscam maneiras eficazes de enfrentá-la. Para se ter ideia da importância da questão, um dos 11 informes da Organização das Nações Unidas (ONU) que preparam os seus países membros para a Cúpula do Futuro, a ser realizada em setembro de 2024, é sobre a Integridade da Informação nas Plataformas Digitais. A Integridade da Informação foi tema, também, de um evento paralelo do G-20, realizado no dia 01 de maio deste ano, em São Paulo, com a presença da Nobel da Paz de 2021, Maria Ressa, jornalista filipina ativista na luta contra a desinformação.

A ONU esclarece que “a integridade da informação se refere à precisão, consistência e confiabilidade da informação”. A desinformação (que é sempre intencional), a informação falsa (que pode não ter a intenção de causar danos) e o discurso de ódio são as principais ameaças a ela. Para que não haja confusão, quando falamos em fake news, deveríamos estar nos referindo especificamente aos conteúdos falsos que imitam produtos jornalísticos para enganar.

Sejam conteúdos intencionalmente falsos, mensagens enganosas ou notícias falsas, o interesse pelo problema tem se ampliado à medida em que ele avança. No Grupo de Pesquisa que lidero na UFSM, o Desinfomídia, estamos mapeando ações de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas na universidade que tenham relação com a temática. Em cerca de um mês, com divulgação nos centros da universidade e no Instagram do grupo, obtivemos uma dezena de respostas que mostram várias áreas começando a se interessar pela desinformação e seus correlatos. São dissertações, trabalhos de conclusão de curso e projetos de pesquisa e extensão distribuídos pelas áreas de Letras, Filosofia, Relações Internacionais, Direito, Saúde, Informática e Educação. Além do preenchimento do formulário, recebi mensagens de colegas interessados em auxiliar nas ações de combate à desinformação. A ideia é organizarmos um evento interdisciplinar em setembro para reunir essas iniciativas e promover trocas entre as áreas.

E o interesse pelo tema não se limita à universidade, embora na maior parte das vezes tenha relação com ela. O 16º Congresso Internacional da Rede Unida, que será realizado de 31 de julho a 03 de agosto de 2024, na UFSM, terá nesta edição uma mesa temática com o título ‘Quando as notícias falsas são estratégias de grupo da política, o que se faz com o direito à informação e a defesa da democracia?’. Saúde, ciência, educação, meio ambiente e política são algumas das áreas mais afetadas pela desinformação. A vida neste planeta com saúde, democracia, liberdade e paz depende de ações coordenadas urgentes que combatam os negacionismos e o ódio contra as diferenças.

Em pesquisa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2024) aplicada em 21 países com mais de 40 mil participantes, o Brasil apresentou o pior desempenho na capacidade dos respondentes de identificar os conteúdos apresentados como verdadeiros ou falsos. A pandemia da covid-19, eleições e, mais recentemente, a catástrofe climática no RS, mostraram como o problema é capaz de prejudicar a democracia e a saúde da população. Que a sensação de que tem crescido o número de interessados em estudar e combater a desinformação se confirme e que as estratégias adotadas aqui e ali se fortaleçam, se encontrem e caminhem juntas nesse objetivo ousado e que beira a utopia, que é combater a desinformação. O jornalismo, a ciência, a política, a educação, os cidadãos, todos somos os verdadeiros interessados, ou deveríamos ser.

Se tens interesse em estudar e/ou pensar em estratégias para combater a desinformação, entre em contato comigo pelo e-mail luciana.carvalho@ufsm.br.

Sobre o(a) autor(a)

SVG: autor Por Luciana Menezes Carvalho
Professora do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM

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